QUASE UM ANO DE PANDEMIA NO PARÁ, SERÁ QUE OS CIENTISTAS ESTAVAM CERTOS ? - TABLOIDE PINGA FOGO

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sábado, 23 de janeiro de 2021

QUASE UM ANO DE PANDEMIA NO PARÁ, SERÁ QUE OS CIENTISTAS ESTAVAM CERTOS ?

 


Desde a chegada do vírus no Pará, 297.974 casos foram confirmados e 7.263 óbitos foram registrados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (SESPA). Mas além destes números, o que mais aconteceu neste período de quase um ano de pandemia no estado? Antes de prosseguir, vamos fazer uma breve recapitulação da pandemia no Pará.

Em 18 de março de 2020 o primeiro caso de Covid-19 foi confirmado no Pará. A chegada da pandemia e a tensão do aumento rápido dos casos pelo país causaram de cara alguns efeitos em nossa economia e também no cotidiano das pessoas, que correram aos supermercados para se abastecer de itens essenciais, causando filas enormes de carrinhos lotados e prateleiras vazias em alguns estabelecimentos.

No dia 4 de abril, a SESPA reporta o primeiro óbito confirmado por Covid-19 no Pará (mas sabemos hoje que mortes ocorreram antes sem serem confirmadas). De lá pra cá, uma explosão de casos confirmados, muita gente doente, muitas mortes, hospitais lotados, o lockdown (com muita gente furando, sem usar máscaras e com pouca fiscalização), muitas fake news e até um presidente negacionista defendendo todo tipo de tratamento sem fundamento e fazendo a vacina virar polêmica.

Mas pera aí, vamos voltar um pouco no que os cientistas fizeram durante esse período, ok?

Nesta curta janela de tempo do comecinho da pandemia, muitas notícias falsas começaram a circular, algumas contra as primeiras medidas de combate à disseminação do vírus, outras sobre dietas mágicas e remédios caseiros (receitas mágicas de limão, alho, etc.) ou até mesmo afirmando uma “impossibilidade de sobrevivência do vírus no calor de Belém”, o que foi rebatido por especialistas e se provou uma grande besteira frente aos números atuais.

Mas além de combater notícias falsas, preocupados com o aumento da demanda por leitos de hospital, os pesquisadores começaram a fazer as primeiras estimativas dos números de casos que provavelmente ocorreriam aqui no estado para melhor preparo do do poder público. Uma delas, projetada por pesquisadores dos programas de pós-graduação em Engenharia de Processos e de Recursos Naturais da Amazônia (ITEC/UFPA), estimou mais de 200 mil infectados por covid-19 até agosto de 2020, com o maior pico de contágio ocorrendo entre 12 de maio a 16 de agosto. A pesquisa adaptou um modelo adotado em outros países e considerou os dados disponibilizados pela SESPA até então. Tomamos a liberdade de conferir os números oficiais da SESPA em agosto, o Pará de fato atingiu a marca de 200 mil infectados no dia 31 de agosto e o pico estimado se aproxima mais da real situação.

Aqui no Rolê Científico, também fizemos algumas estimativas. Em entrevista publicada no dia 5 de maio, eu, Yuri Willkens, apresentei uma estimativa que levava em conta o crescimento de casos reportados pela SESPA, na qual previ um número entre 12 a 16 mil casos confirmados até mais ou menos os dias 14 e 15 de maio. De forma semelhante, um estudo divulgado pelo Laboratório de Sistemas Ciberfísicos (Lasic), com pesquisadores da UFPA e UFRA, apresentou uma projeção que indicava cerca 12 mil casos da doença para o dia 14 de maio. Conferindo os dados para o período, as projeções se aproximaram muito dos números reportados, com exatamente 11479 casos confirmados no dia 14 de maio e 12626 no dia 15.

Histórico de casos acumulados pela data da publicação (2020). Destaque para o número de casos confirmados e óbitos reportados para o dia 15 de maio

Em 16 de maio fiz outra outra estimativa, apontando algo entre 18 e 22 mil casos até o dia 21 de maio e mais de 1.800 óbitos previstos para a mesma data e bem... advinhem? Assim como nas projeções anteriores, esta se concretizou, com 20532 casos e 1893 mortes reportados pela SESPA no dia 21, reflexo do afrouxamento do isolamento pouco antes do Pará decretar o lockdown.

Histórico de casos acumulados pela data da publicação (2020). Destaque para o número de casos confirmados e óbitos reportados para o dia 21 de maio

Nas publicações de cada uma destas estimativas, os sempre agressivos críticos que chamam os pesquisadores de alarmistas e exagerados (ou até de coisa bem pior) se fizeram presentes. Talvez tenham preferido a afirmação (sem evidências) do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que disse estar convencido que a Região Metropolitana de Belém (RMB) já havia passado pelo pico da covid-19 entre abril e maio. Uma afirmação que contradisse sua fala anterior de que o Pará seria um epicentro da pandemia no Brasil, logo após sua richa com o governo feedral e uma série ataques vindos de seus ex-apoiadores (curiosamente, nos gráficos da SESPA, esse período foi apenas o começo de um pico bem pior). Também pode ser que tenham preferido a narrativa da "gripezinha" incapaz de afetar pessoas com histórico de atleta, mas que  mesmo assim ceifou a vida de 200 mil brasileiros, e mais de 7 mil paraenses dentre eles.

Novos casos confirmados por dia pela data da publicação (2020)

Agora, a picuinha é contra as vacinas, que foram feitas "muito rápido" de acordo com movimentos antivacina apoiados pela postura negacionista do governo federal. As mesmas pessoas que antes cobravam dos cientistas uma vacina rápida e que torciam o nariz quando dizíamos que elas sairiam somente depois de um ano na perspectiva mais otimista (outra projeção certeira dos cientistas), agora arranjaram outra desculpa para atacar a ciência e fazer birra.

Será que já não passou da hora de tirar o chapéuzinho de alumínio, parar de gritar que "a ciência só está certa quando concorda comigo" e tentar ouvir quem tá se dedicando a fazer algo bom no meio desse caos?

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